domingo, 3 de abril de 2011

Sobre Henfil

Não vou dar uma de falsa amante da revolução e dizer que Henfil é o meu cartunista favorito. Não é. Na verdade, em matéria de talento gráfico, para mim, ele não é isso tudo. Mas o cara fez a diferença. Com  humor e talento incríveis, o jornalista, cartunista, quadrinista e escritor Henfil ajudou a contornar um dos piores períodos, se não o pior, de nossa história nacional.

 Graças a minha feliz e literária infância, eu não consigo não compará-lo com a dupla Fred e Jorge da série Harry Potter, que misturavam humor e indignação em seus protestos.

De toda forma, o meu objetivo desse post é mesmo apenas compartilhar esse quadrinho atemporal que achei de Henfil. Na verdade, o ano é 1980 e o espírito de liberdade urgia pelo Brasil a fora. Mas quem não deseja enxergar esperança todos os dias? Henfil foi tão feliz nesse quadrinho quanto em tantos outros de seus muitos rabiscos, misturando a coletividade de um país e a subjetividade de uma única pessoa. E é isso que não deixa que seu talento padeça, mesmo após 23 anos de sua morte.

Sobre Audrey Hepburn


A belga Audrey Kathleen Ruston queria mesmo era ser bailarina. Fruto de uma família conturbada, Audrey esteve presente em episódios da II Guerra Mundial, como militante, na Holanda, onde morou durante parte da infância e da adolescência. Desiludida de atuar como bailarina - Audrey não tinha as medidas certas para isso -  começou a fazer pequenas participações em filmes. Bastaram alguns deles para que ela ganhasse o seu primeiro papel principal, que viria a lhe render um Oscar, no filme A Princesa e o Plebeu (1953).

A atriz ainda se tornou, ao fim de sua carreira, embaixatriz da Unicef, instituição pela qual ela trabalhou incansavelmente até falecer, em 1993, aos 63 anos, vítima de câncer.

A beleza de Audrey, bem como sua simpatia, talento e dignidade, são admiradas ainda hoje por fãs de todo o mundo que, seduzidos pela atriz, ainda a mantêm no topo da lista de suas preferidas. O rosto da bela, inclusive, já foi inspiração para a personagem de HQ Julia Kendall.


Apesar dos bem-falados A Princesa e o Plebeu, Sabrina e Bonequinha de Luxo (no qual Audrey arrisca alguma palavras em português), o meu favorito é mesmo My Fair Lady, filme que fez com que minha paixão e admiração pela doce e encantadora Audrey Hepburn se consolidasse.

Para conhecer um pouco mais sobre Audrey, uma ótima pedida é  o filme de 2000, The Audrey Hepburn Story, em que Jennifer Love esforça-se para fazer jus à atriz em sua atuação amadora. A versão mais jovem de Audrey é interpretada pela talentosa Emmy Rossum.

sábado, 2 de abril de 2011

Sobre Alice Suburbana

Um mudança completa merece, no mínimo, uma explicação. Uma explicação, na verdade, de mim para mim. Até esse momento ainda não estruturei argumentos e motivos suficientes para essa modificação, então, vamos lá.

Não gosto muito de me centrar diretamente em assuntos pessoais ou no meu cotidiano, mas é necessário para explicar o motivo do novo nome. Estava eu entrando no CCHLA (Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes) da UFRN e passo por Louisy, a secretária da coordenação, com quem converso por minutos praticamente toda semana, mas ela sempre insiste em me chamar de Andrea (e isso foi uma evolução de "menina loirinha"), e não Andressa. Até que resolvi insistir para que aprendesse o meu nome verdadeiro. E, aparentemente, ela aprendeu. Dessa forma, achei estranho quando, ao passar por mim, ela disse: "Ei, Alice!" Porém, considerando a minha pressa e a pressa dela, só pude interrogar, intrigada: "Alice??"

Minutos depois, quando estava esperando o início de uma reunião, Louisy reaparece e repete o dito: "Ei, Alice!" Dessa vez, não me contive e cobrei imediatamente uma explicação para aquela mudança repentina de nomes. Ora, eu sequer pareço com nenhuma das Alices que conheço. Então, ela me disse que Gabi, outra funcionária do CCHLA com quem às vezes converso, sempre me chamou de Alice. Engraçado: eu nunca soube disso, em quase um ano, até ontem. Não tive tempo de perguntar o porquê daquilo, já que no segundo seguinte Louisy, sempre correndo, já tinha adentrado a sala da coordenação. Funcionária exemplar essa Louisy...


De toda forma, fiquei pensativa acerca daquela estranha denominação e comecei a me comparar com Alices... A primeira que me veio a cabeça foi mesmo a Alice Liddell. Aquela do País das Maravilhas. Tenho uma estranha e divertida afinidade com essa Alice. Eu a conheci, primeiramente, quando tinha onze anos. Digo, verdadeiramente, afinal, que tipo de criança nunca ouviu falar de Alice? Mas o livro, o livro mesmo (embora fosse uma versão adaptada), eu li quando tinha essa idade. Na época, me pareceu tão louco quanto cativante. Com o tempo, fui me informando também a respeito de Lewis Carroll, o autor, a quem muitas pessoas criticam por ter, aos trinta anos de idade, escrito um livro para uma criança de apenas dez. Alguns dizem que Carroll tinha um quê de pedófilo. Eu prefiro acreditar que ele compartilhava uma das minhas maiores paixões: encantar pessoas - crianças, principalmente, já que elas se deixam encantar com mais facilidade - com histórias de ficção.

Era exatamente dessa forma que eu me sentia ao ler Alice, agora a versão completa que incluía O País das Maravilhas e Através do Espelho, seis anos após o meu primeiro contato: Encantada. Como se, por alguns poucos minutos, a realidade, que nem sempre me fazia tão feliz quanto àquele livro, não fosse tão importante.

Por isso, me sinto atraída por qualquer produção, texto ou animação que diga respeito à obra. Assisti muitas versões: desde a animação da Disney até a minissérie norte-americana produzida pelo canal Syfy em 2009, em que Alice é uma professora de artes-marciais, adulta, forte, corajosa e curiosa e que acaba apaixonada pelo Chapeleiro. Esse, a propósito, era incrivelmente bonito e nem um pouco louco.
Passei, logicamente, pela Alice de Tim Burton. Não vou criticá-lo, ou esse post ficará bem maior do que (pelo visto) já ficará, mas posso dizer que a produção me encantou tanto quanto as outras Alices que já havia conhecido.

De fato, essa Alice me cativava e tínhamos, pensando bem, algo em comum: ambas somos impetuosas, curiosas, sedentas por experiências e, por isso, corajosas.

Porém, incrivelmente, essa não foi a única Alice que me veio à cabeça e nem a única responsável por o nome no blog. A Alice Suburbana, na verdade, talvez diga mais a respeito à segunda Alice que a essa.



Alice Pieszecki, a engraçada, crítica, dedicada e espontânea jornalista e radialista da série norte-americana The L Word, interpretada pela atriz Leisha Hailey. Alice é sempre aquela que procura entender as complicações, desvendar os mistérios, defender as minorias, e nunca se intimida se acha que está no lugar certo, com o pensamento certo.

O título completo, contudo, foi indicação da minha amiga, Ana Clara. Eu sempre soube que ela tem uma sensibilidade criativa admirável. E como ela escolheu atuar em uma área em que tal dom não é tão aproveitado, tento estimulá-lo de outras formas. Inclusive, de formas a me beneficiar, como aconteceu na madrugada de ontem. Demorei a aceitar que Alice Suburbana seria um título apropriado. Afinal, eu não sou tão suburbana assim. Mas também não sou tão urbana. Sempre preferi a periferia ao centro. Sempre simpatizo mais com grupos menores, com opiniões excluídas e ações não divulgadas. Então, talvez eu seja mesmo suburbana, de alguma forma.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Quando as palavras não eram tão importantes...

Ensino médio é uma merda. Mas é tão mais feliz. A gente podia ser idiota e o máximo que acontecia era sair no jornalzinho interno do colégio...

segunda-feira, 28 de março de 2011

O Mar



Certa vez, você me mandou uma música. Foi há muito tempo e eu te magoava. A música era aquela de Norah Jones que nunca saiu da minha cabeça. Você não poderia ter me mandado uma música que se encaixasse melhor. Ela dizia: "To me you are the sea, vast as you can be and deepest shade of blue" 
Sabe, eu sempre soube o quanto essa música marcaria a nossa história.

Eu ainda sou o mar para você... um mar que adora ser explorado. Um mar que gosta de ser decifrado e que necessita de ser conhecido para sentir-se confortável.

Eu sou um mar calmo, na maioria das vezes. Mas eu tenho as minhas conturbações. E, nessas horas, eu preciso de um bom navegador e não de um marinheiro que foge assustado. Que se esconde por medo de ser jogado longe... ou de ser devorado por um buraco negro infinito.

Um mar já é solitário por natureza. E para dominá-lo, é necessário fazer-se insubstituível. É necessário saber lidar e depositar-lhe a confiança de que, independente de qualquer coisa, você estará ali, se preocupará e terá paciência.

Mas, certamente, isso não é para qualquer um. Na verdade, isso não é para quase ninguém. Para poucos. Pouquíssimos. Mas os que suportam sabem que o acalanto do mar é eterno. Que no início, ele sempre é um pouco frio, mas quando o nadante acostuma-se com a temperatura, ele se torna um cobertor gostoso, sedutor e aconchegante.

Se eu sou um mar, sou um mar enorme... um mar que não tem limites. Um mar que não tem horários, que ainda formula o seu caminho a seguir, os seus meios e métodos. Um mar agitado e indefinido. Um mar que você não aprendeu a domar. E eu não te culpo, a maioria dos mares são indomáveis.

Eu tentei te manter comigo, mesmo com todas as ondas, tempestades e tsunamis. Eu queria que você aprendesse... Eu queria aprender. Mas eu me questiono se o seu lugar não seria em uma cabana, quente e segura, calma e aconchegante... em vez do vasto mar em que você se encontra.

terça-feira, 8 de março de 2011

Sobre as mulheres

Feministas do século XX, em Washington


Eu me lembro das primeiras comemorações do Dia da Mulher das quais fiz parte: eram festividades organizadas pelo colégio onde eu estudava; as crianças mais novas pintavam nos rostos corações vermelhos e cantavam alguma música relacionada a amor, carinho e eternidade, a qual estavam ensaiando desde o início das aulas. Era bem comum que Roberto Carlos estivesse no repertório. Os mais exibidos cantavam aos berros, e os mais tímidos apenas mexiam os lábios para orgulharem as mães que os assistiam e, convém dizer, para não serem repreendidos depois. As crianças maiores decoravam um poema ou dividiam um texto em partes para falarem – ou, no caso dos mais esquecidos, lerem – para as mães homenageadas. Não importa se a mensagem se tornava incompreensível para boa parte dos presentes. O que importa é que, ao fim da apresentação, 80% das mães choravam emocionadas e abraçavam os filhos como se aquele fosse o melhor presente imaginável. Eu, particularmente, sempre ganhava um Batom Garoto no caminho de volta para casa, àqueles dias.

Mas a questão é que, embora sejamos habituados desde crianças a relacionar a figura feminina com a de mãe, ela não se limita àquelas que passam ou já passaram pela maternidade. Eu sempre me perguntei, depois que iniciei a mania das indagações, a razão pela qual aquelas esforçadas e jovens professoras não era igualmente homenageadas naquele dia. Ou as moças da coordenação. Ou as da cantina. Ou as serventes.

Sempre fui defensora incurável dos direitos femininos e acredito que as grandes mulheres vão desde a minha vó e a criação de seus dezesseis filhos na interior do Rio Grande do Norte em pleno período de secas até aquelas empreendedoras ou políticas, solteiras e sem filhos, mas que nem por isso deixam de ser mulheres admiráveis.

Eu poderia iniciar uma explanação sobre grandes e distantes mulheres da história e a contribuição de casa uma para que hoje as coisas sejam diferentes. Desde Joana D’Arc, queimada como bruxa no século XV, até Yolanda Penteado, destemida fazendeira do século passado e ainda a pintora mexicana Frida Kahlo. Porém, não há uma razão para isso quanto temos novas conquistas femininas efetuadas todos os dias. E não estou falando da presidente Dilma (sem descartá-la, obviamente), mas de todas as mulheres batalhadoras que sustentam o nosso espaço aberto: seja em um ramo cultural, político, econômico, social, familiar, para não citar todos os outros.

As mulheres são e devem continuar a ser homenageadas. Não exatamente pelo que outras mulheres fizeram a dezenas e centenas de anos, mas pelo que fazemos todos os dias!
Ser mulher pode até não incluir mais o carma de uma vida submissa, mas não deixa de ser uma tarefa árdua para aquelas que fazem jus à figura que representam.

8 de março não é somente o dia em que algumas de nós recebem congratulações pelas lutas sociais, políticas e econômicas das mulheres, mas deve ser, principalmente, o dia para lembrarmos de honrar o espaço que conquistamos. Continuemos fortes e sensíveis; seguras e emotivas; encantadoras e encantadas; batalhadoras e delicadas; e toda a carga de adoráveis paradoxos que conseguimos sustentar.


À todas as mulheres da minha vida, e que fizeram e fazem de mim a mulher que sou e me torno a cada dia.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Sobre o Carnaval


Eu admito: já participei de Carnaval em algum tempo da minha vida. Até onde lembro eu tinha entre quatro e oito anos e costumava me fantasiar de índia e cigana. Era um clássico. E ainda fazia pose de Sandra Rosa Madalena.

Porém, naquele tempo, os carnavais me encantavam. As "armas" do mela-mela não eram ovos e farinha, mas as inocentes espuminhas e os confetes coloridos de papel. As músicas que eu dançava eram marchinhas clássicas e imutáveis desde meados do século XX e era sempre divertido pular ao som de "Mamãe, eu quero mamar" e "São dos carecas que elas gostam mais...", ao contrário do que se ouve hoje em dia, tempo em que três únicas músicas fazem sucesso no Carnaval e se uma delas não incentivar o desrespeito à mulher e o excesso de álcool, beirando a cirrose, pode-se considerar uma vitória. Nos Carnavais que eu frequentava, os adultos bebiam, é claro, e pulavam com acessórios coloridos. Já as crianças, elas brincavam, corriam, até se melavam, mas dava para sentir o espírito da coisa. O Carnaval, na minha visão infantil, parecia ser a melhor época do ano, pois cada um poderia ser o que tivesse vontade. Eu, por algum motivo, gostava de ser uma cigana. Vai entender. Nos dias de hoje, parece que a essência do Carnaval ainda é a diversão, mas para divertir-se é necessário escovar os dentes com cerveja e beijar algumas dezenas de pessoas. E se esse objetivo nao for alcançado, o Carnaval terá sido inútil.

Definitvamente, não estou criticando quem gosta dos Carnavais de hoje em dia. Longe de mim. Só quero deixar claro que não faz o meu tipo. É isso. Só não faz o meu tipo. Não nasci para isso.

Mas ainda adoro o Carnaval. Rezo todos os dias para que esse período chegue mais rápido a cada ano. Quase uma semana inteira, a qual posso aproveitar para pôr as minhas leituras em dias. Assistir aquela trilogia que estou enrolando desde o Carnaval passado. Ir ao cinema vazio com alguem que goste muito. E a melhor parte é sair no meio da rua e ter a impressão de que sou dona da cidade, por ser uma das únicas pessoas que não saiu dali. Ah! Também gosto dos desfiles de escolas de samba. Gosto de madrugar para assistir aos espetáculos exibidos pela TV. E torço. Minhas escolas de samba são a Beija-Flor e X9 Paulistana. Não me pergunte o por quê, o máximo que tenho são teorias de como acabei torcendo por elas.

Também nutro aquela impressão de que, enquanto o resto do país queima os neurônios com poluição sonora e todo tipo de bebida alcoolica imaginável, eu estou exercitando a minha massa cizenta e descansando a massa física. O mais engraçado, definitivamente, é ver, na quarta-feira, todo mundo inutilizado, como se tivessem acabado de levantar da cova.

Mas estou determinada a voltar a ser alguém sociável no Carnaval. Então, se alguém tiver conhecimento de um lugar onde ainda existam Carnavais de verdade, por favor, entre em contato. E por Carnavais de verdade, entendam: marchinhas, fantasias ou roupas coloridas, confetes, pessoas de todas as idades mas na medida certa, sem que empurrões sejam necessários a fim de adquirir algum espaço, onde o álcool nao seja usado com a finalidade da água mineral, e onde as pessoas se respeitem, ao menos.

Fica o meu clamor. Mas para os que não concordam comigo e têm a coragem de participar dos Carnavais os quais abomino, deixo a minha eterna admiração e os votos de que estejam vivos e com saúde na quarta-feira de cinzas.

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...