quinta-feira, 14 de março de 2013

Intrusa

De te amar minh'alma anda latente
A mente, rendida ao coração, grita, descontente:
"Chega, infeliz, deixa-me trabalhar!"

Os olhos, outrora, foram verdes
E tudo o que lhes resta
É a cor dos olhos teus.

A estes olhos, sequer tenho uma cor a dar
Tanto neles me perdi
que não lhes é possível classificar.
Chamo-lhes, então, "teus",
a cor dos olhos que te será singular

Definir-lhe a cor dos olhos já não é necessário.
A mim, basta o prazer de te olhar.
Mas como bem dito,
não são meus os olhos "teus".
Já o poema que fiz, esse é meu,
mesmo que teu.

E sendo meu, nele posso roubar-lhe
os olhos, a boca, o corpo e a alma,
posto que em tua vida fui intrusa.
Não me serviste como mulher,
Sirvas, portanto, como musa.

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