sábado, 7 de maio de 2011

Mulheres de dupla jornada

Como as mães conciliam dedicação no trabalho e atenção para os filhos

Desde meados da década de 70, as mulheres têm assumido um papel diferenciado na constituição social e familiar. A função que antes se resumia à administração do lar e educação dos filhos agora acumula também, na maioria das famílias, um lugar no mercado de trabalho. O salário do pai nem sempre é suficiente para o sustento da família que, hoje, tem uma média de quatro membros. Algumas famílias, contudo, sequer têm um pai e as mães têm a obrigação de sustentar, sozinhas, a si mesmas e aos filhos.  Nesse contexto é que surgem as mães de dupla jornada, que se esforçam para manter o profissionalismo e a qualidade no trabalho, mas que ainda têm como papel primordial a educação e cuidado com os filhos.

Maria de Lurdes Ferreira, 27, deixa todas as segundas-feiras a casa onde mora com o marido e a filha de oito meses, em Monte Alegre, e viaja durante duas horas para Parnamirim, onde trabalha na Rainha do Pastel, no bairro Cohabinal.

“Eu trago a Maria Heloísa comigo e ela fica na casa da minha vó enquanto eu trabalho. Eu fico tranquila porque minha vó e minha irmã cuidam dela, mas sempre bate aquela saudade, né? Eu ligo para ela e eu percebo que ela fica feliz de me ouvir”, conta Maria de Lurdes, que apenas ao fim do dia, após as oito horas de trabalho, vê a filha. “Ser mãe não é difícil, mas é preciso ter responsabilidade”, ela explica, afinal, quando chega em casa a pequena Maria Luíza ainda espera ansiosa o carinho e os cuidados singulares da mãe.

Quando indagada sobre o que gostaria de ganhar no dia das mães, uma amiga de Maria de Lurdes é mais rápida e responde por ela, em tom de brincadeira “Ela disse que quer um fusca e uma cadeirinha rosa para a Maria Heloísa”. Maria de Lurdes sorri, mas depois que a amiga ausenta-se ela confessa: “Eu não ligo para presente não, o mais importante é a saúde dela”.

Já a secretária da concessionária Dias Multimarcas, Fátima Medeiros, 47, queria mesmo era estar com o filho mais velho no dia das mães. Pedro Henrique, 20, mora há um ano em Minas Gerais. “Mas a gente liga, não é?”, ela sorri, conformada, embora o brilho diferenciado dos olhos denunciem uma emoção ao lembrar a ausência de um do três filhos.

Além de Pedro, Fátima ainda é mãe de duas garotas: Luísa, 16, e Heloíse, 15. Ela conta que, assim como o marido, sempre trabalhou. “Saio de casa às 7h e chego só à noite”.

Para ela, a maior dificuldade de trabalhar foi ter que deixar os filhos com outras pessoas. A solução foi selecionar bem as pessoas com quem os deixava. “Hoje em dia não precisa mais. Mas a mãe que é mãe nunca deixa de ter aquele cuidado com os filhos, não é?”, admite.

Fátima lamenta o pouco contato que teve com os filhos durante a infância. “A gente nunca aproveita bem a infância dos filhos; quando começam a andar, quando começam a falar, eu nunca vi isso. Quem vê são os outros. Mas a gente quer dar o melhor para eles, então tem que trabalhar, né?”

Para Gizeuda Azevedo, 37, copeira do restaurante e cachaçaria Cai Pedaço, estar com o filho recompensa todo o esforço do decorrer do dia. “Quando um filho é bom, a gente tem muitas alegrias. Mas o melhor é poder vê-los, abraçar, beijar. Dá mais ânimo para continuar o dia-a-dia”.

A maior dificuldade para ela sempre foi ter que deixar os filhos, Jackson, 19, e Joice, 12, sozinhos em casa. “Mas o Jackson já era grandinho e cuidava da Joice”.

O marido de Gizeuda, João Paulo, mora em São Paulo e só consegue ir para casa durante as férias, o que fazia com que, muitas vezes, ela acumulasse as funções de pai e mãe dos filhos. “É cansativo, a gente se preocupa com eles, mas no fim consegue dar um jeito”.

O presente ideal de Gizeuda para o dia das mães? “O presente que eu gostaria de ganhar é que eles continuem sendo quem são. E que tenham saúde.”

Embora também trabalhe fora, Janaína Priscila, 29, consegue ter um contato mais próximo com o filho Pedro Henrique de dois anos. “Quando eu estou trabalhando, minha mãe fica com ele, mas como isso aqui (a Panificadora Japão, de onde é administradora) é da gente, eu posso trazê-lo para cá algumas tardes”.


Maria de Lurdes, Fátima, Gizeuda e Janaína


Janaína admite que a parte mais difícil de ser mãe é não poder participar mais ativamente da educação de Pedro Henrique. Ela lamenta não poder passar mais tempo com o filho. “E eu sei que ele sente falta também. Mas ao menos ele pode vir me visitar quando quiser, eu posso trazê-lo para o trabalho às vezes. Melhor para mim, né?”, ela completa.

Com algumas diferenças , essas mães têm algo em comum. Aquelas que ficam com os filhos 24h por dia talvez não conheçam o sentimento que as quatro definem como o melhor da maternidade: “É todo dia chegar lá e vê-los felizes, me esperando. E saber que eles querem ser alguma coisa”, resume Fátima a resposta que as quatro compartilham.

Maria de Lurdes diz que “estar com a filha” é suficiente para deixá-la feliz. Janaína completa: “Quando ele olha para mim, dá um beijo, um sorriso. Eu posso estar triste, com a raiva maior do mundo, mas quando ele faz isso o coração da gente amolece”.


Matéria originalmente publicada no Jornal Potiguar Notícias

Cineclube Natal exibe sessão especial em homenagem ao Dia do Artista Plástico

Em maio, o Cineclube Natal completa 6 anos de atividade e para comemorar esta data promove um mês repleto daquilo que é a essência do cineclubismo: apreciação, reflexão e discussão sobre o cinema.

Além das sessões regulares do projeto, o Cine Assembléia, a sessão Cinéphilie (realizada em conjunto com a Aliança Francesa) e o Cine Mãe Luíza, a programação conta com sessão especial em homenagem ao Dia do Artista Plástico, o "Cineclube Natal visita: Jazzy Rocks", e a quinta edição da já consagrada Semana do Filme Cult, que será realizada de 16 a 22, no Teatro de Cultura Popular Chico Daniel (TCP).


No dia 08, O Cineclube leva ao Jazzy, mais novo music bar da cidade, o documentário indicado ao Oscar 2011: "Exit Through the Gift Shop" (Banksy, 2010). O longa, considerado um dos mais fascinantes e instigantes sobre arte já realizados, retrata a história do movimento "street culture", que tem como um dos seus principais ícones o artista inglês Banksy, roteirista e diretor da obra.


O debate posterior será dirigido por Pedro Fiuza, presidente do Cineclube Natal, e os professores convidados Everardo Ramos e Laurita Salles do Departamento de Artes da UFRN. Durante a exibição ocorrerá uma intervenção artística de grafiteiros em um dos muros do bar, a exemplo da temática do filme.
O evento começa as 16h. O Jazzy Rocks fica situado na Avenida Miguel Castro Miguel, 1503 no bairro de Lagoa Nova. Para consultar o mapa clique aqui.




Trailer - Exit Through the Git Shop

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Sobre Liz Taylor

Na faixa dos meus doces e pretensiosos quinze anos estava eu no encontro semanal que costumava ser responsável pela minha formação cultural, o Clube da Cultura. Era uma reunião com debates, exibições de filmes e discussões sociais coordenados pelo meu eterno mestre Professor Francisco Félix, de Caicó.

Eu tentava sempre acompanhar o ritmo do grupo (e do mestre) para não parecer uma leiga quando mencionassem algum assunto mais inusitado. Então, um dia, quando Elizabeth Taylor caiu, acidentalmente, em pauta no grupo, eu me inseri, empolgada:

Liz Taylor como Cleopatra (1963)

- Ah, Félix, é a que fez Cleópatra, não é?


Tola garota. Sempre aprendendo com os foras dos mais velhos. Dessa vez, ele me respondeu, com o mesmo olhar de desprezo que, posso me gabar, era destinado apenas a mim e a sua outra pupila, Ana Clara.

- Fez ele e dezenas de outros, coquinho. Fique quieta.

A bela Liz Taylor
De fato, Elizabeth Taylor tem mais que "apenas" Cleopatra para orgulhar-se. É uma gama de filmes, séries de tv, participações e dublagens de 1942 a 2003 que fazem dela uma das maiores e melhores atrizes que a sétima arte já contemplou. Não se tratava apenas de seu glamour e beleza singulares. Não. Era mais que isso. Liz Taylor tinha uma visão, de certa forma, progressista à maioria das atrizes que lhe foram contemporâneas, sem falar nas ações humanitárias de filantropia às quais dedicou-se durante três décadas.


Apesar de seus três casamentos mal-sucedidos, apenas um coração de ouro abrigaria quatro filhos (sendo uma adotada) e mais tantas causas sociais.

Liz, certamente, será lembrada por muito tempo. Para alguns, por seu talento. Para outros, apenas como a mais bela Cleopatra que Hollywood já viu. Para tantos, como a atriz dos três casamentos. Mas para muitos, ela será imortalizada por discursos como o abaixo, um dos mais cativantes que já vi em defesa da causa homossexual.

Liz Taylor na edição do GLAAD de 2000

quarta-feira, 4 de maio de 2011

[Vídeo] Janey Cutler

'No Regrets' por Janey Cutler no Britain's Got Talent 2010


Nunca é tarde para ser reconhecida e aplaudida de pé...

terça-feira, 3 de maio de 2011

Sobre Shirley Manson



Acusem-me de desinformada, mas a minha descoberta do mês foi mesmo a escocesa Shirley Manson. Não foi necessário mais que um clipe de Garbage assistido casualmente para que eu me apaixonasse pelo estilo agressivo, rebelde e, principalmente, pela voz singular de Shirley Ann Manson. À propósito, sem comparações com Marilyn Manson, ok?

Shirley nasceu em Agosto de 1966 e, até agora, já contabiliza funções de modelo, atriz, cantora e compositora ao longo dos seus bem vividos 44 anos.

Como quase toda cantora de rock alternativo, Shirley frequentou a Igreja Presbiteriana até os 12 anos por influência da família. Eu duvido que ela mantenha os velhos hábitos nos dias de hoje, mas obrigada, Igreja Presbiteriana, por ter revelado a voz da cantora que viria a se tornar um dos maiores ícones femininos do rock. 

Novamente, como quase toda cantora de rock alternativo, Shirley sofreu bullying durante a adolescência, levando-a à depressão e auto-mutilação. O bullying parou quando Shirley parou de bancar a boa moça e decidiu rebelar-se, saindo com pessoas mais alternativas e frequentando lugares mais suburbanos. E eis que a garota deu-se ao respeito. Muito bem, Shirley.

Aos 16 anos, ela entrou na banda de seu namorado, a Goodbye Mr. Mackenzie, tocando teclados e fazendo backing vocals. Dez anos depois, com o fim do Goodbye Mr. Mackenzie (que nunca obteve muito sucesso), Shirley se tornou a vocalista da banda Angelfish.
Nessa época, os outros integrantes do Garbage já estavam trabalhando no projeto e procuravam por uma vocalista. Eles conheceram Shirley pelo videoclip da música "Suffocate Me", do Angelfish.

Tell me Where it Hurts - Garbage


À frente do Garbage, Shirley Manson tornou-se ícone do rock alternativo dos anos 90, esbanjando talento, carisma e muita atitude no palco. A banda teve seu ápice em meados dos anos 90 com os álbuns Garbage e Version 2.0 e emplacou hits como Only Happy When it RainsWhen I Grow Up e Stupid Girl

Foi ainda no Garbage que Shirley emprestou a voz para a música tema de um dos filmes do agente James Bond, 007 - The World is Not Enough. A música, homônima, é uma das mais belas (e compatíveis, convém dizer) trilhas sonoras da sequência 007.

The World is not Enough - Garbage

Em 2007, ano de lançamento do último álbum do Garbage, a banda entrou em um hiato por tempo indeterminado. O lançamento do álbum solo de Shirley Manson estava previsto para 2008, porém, por pressão da gravadora, ele foi adiado.



Atualmente, com o Garbage mais para lá do que para cá, Shirley tem se dedicado à carreira de atriz, atuando como a gananciosa empresária Catherine Weaver, no seriado The Sarah Connor Chronicles.

Shirley Manson também se dedica a trabalhos de cunho social desde 2001, quando se tornou embaixadora de uma campanha da MAC Cosmetics em apoio a pessoas com AIDS. Ela ainda tem uma queda por animais menosprezados. Em 2007, adotou um cachorro que sofreria eutanásia, ao qual deu o nome de Veela*, devido a sua afeição pela série de livros Harry Potter.

Shirley fazendo doação à fundação MAC Aids



*Veela é um ser de trejeitos femininos capaz de enfeitiçar os demais (especialmente os de sexo masculino) com sua beleza. 
Fonte: Wikipedia

segunda-feira, 2 de maio de 2011

[Vídeo] Ninho


"And I think to myself, what a wonderful world"

Não tão diferente dos seres humanos... Por amor, criam-se os filhotes, dando-lhes alimento e proteção, para depois entregá-los ao mundo. A diferença é que esse processo aconteceu em quatro semanas. 

Cineclube Natal promove V Semana do Filme Cult

Maio, mês em que é comemorado o sexto aniversário do Cineclube Natal, trás uma programação convidativa a qualquer cinéfilo. Além das sessões sacramentadas do Cineclube Natal (Cine Assembleia, Cinéphilie e Cine Mãe Luíza), será realizada também a V Semana do Filme Cult, de 16 a 22 de maio.

já tradicional Semana do Filme Cult chega a sua quinta edição sempre com uma programação voltada para filmes cultuados, mas constantemente obscuros (indo do trash ao experimental, do erótico ao surreal, trazendo tanto filmes que carregam algumas décadas nas costas como filmes que acabaram de ser lançados, como é o caso de A Centopeia Humana, thriller de 2009.


Os filmes serão exibidos no Teatro de Cultura Popular (TCP), a partir das 18h30. A programação será composta por seis longas-metragens que vão desde a animação tchecoslovaca Alice (1988), até o noir de John Parker, Dementia (1955). Associados aos longas, também serão exibidos curtas-metragens. Entre eles, o surrealista The Hearts of Age (1934), de Orson Welles e ainda O Solitário Ataque de Vorgon (2010), curta de estreia do brasileiro Caio D’Andrea.

A entrada de cada sessão custa R$ 2,00. Entretenimento de qualidade, cultura e aprendizado são garantidos.


Confira abaixo a programação completa do mês de maio no Cineclube Natal:


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