Para uma matéria sobre blogs de moda - que tive bastante dificuldade para fazer, convém dizer - tive o prazer de "entrevistar" Gladis Vivane, editora da revista e do blog Salto Agulha. "Entrevistar" entre aspas pois a falta de tempo decorrido de uma pauta que caiu e da necessidade de substituí-la imediatamente não me permitiu encontrar Gladis pessoalmente e tive que enviar as perguntas e receber as respostas por e-mail. Contudo, as impossibilidades não impossibilitaram o excelente conteúdo da entrevista e, por esse motivo, estou postando-a na íntegra aqui, a quem interessar.
Observação: Não me interessava até o momento em que a li. Não que, de repente, eu seja louca por moda. Mas a visão de Gladis sobre o assunto encanta até os maiores assassinos desse mundo, como eu. Não me orgulho disso, obviamente.
Desde quando surgiu o seu interesse por moda?
Meu interesse por moda surgiu junto com o interesse por outras manifestações artísticas. Minha avó - que era também minha professora na escola - sempre usava peças de teatro feitas pelos alunos para ensinar o conteúdo das matérias. Eu fazia várias dessas peças por ano, e adorava. O que mais me encantava era pensar no figurino e nos cenários. Pequenininha eu já escolhia o que todo mundo ia usar, como seriam as maquiagens, e todo o cenário. O engraçado é que não tinha Google naquela época, então era tudo "imaginado". Comecei a procurar livros e filmes para ver como aquelas personagens se vestiam, e me apaixonei pelo cinema. Então foram várias paixões, várias áreas de interesse que me chamaram atenção ao mesmo tempo, ainda na infância. Daí cresci gostando disso, colecionando revistas, filmes e qualquer coisa sobre moda e figurino - coisa que faço até hoje.
A ideia do Salto Agulha (blog e revista) surgiu de onde? Quando me formei em jornalismo pela UFRN, queria que meu Trabalho de Conclusão de Curso fosse sobre moda. Queria fazer uma revista, mas como deixei tudo para última hora, não foi possível organizar o material até a impressão. Então chamei um amigo que fazia sites, e fiz uma revista virtual. O nome Salto Agulha eu escolhi porque remetia à moda, mas também tinha um arzinho de crítica. O lance de agulhar, alfinetar, incomodar, queria dizer que era uma publicação de moda sem frescura. Uma coisa que na época eu sentia falta no jornalismo de moda potiguar - e continuo sentindo. Os profissionais daqui relutam em sair do texto-adjetivo.
Depois que o blog já existia, procurei uma maneira de viabilizar a revista. Isso eu consegui através da Lei de Incentivo à Cultura Djalma Maranhão.
Você já esperava que seu projeto ganhasse tamanhas proporções?
Não. Apesar de adorar moda, eu ainda não vislumbrava uma maneira de trabalhar com isso aqui em Natal. Acabei indo trabalhar como repórter em algumas redações, e, só depois de um tempo, quando vi que não queria aquilo por resto da vida, resolvi abraçar a moda como profissão. Fui estudar moda, e começaram a aparecer trabalhos. A coisa foi fluindo e nesse meio tempo sempre estava escrevendo no blog. Nem sei se é correto dizer que meu blog tem muita projeção... acho que a revista chamou muita atenção por ser algo totalmente novo aqui em Natal. Mas acho que estou ainda muito no começo.
Você trabalha com jornalismo e moda. Com qual dos dois você mais se identifica? Ou é a junção dos dois que te realiza?
A junção dos dois. Sem dúvida. Amo o ofício da reportagem. Não vivo sem entrevistar, descobrir, escrever... e minha realização plea é quando faço isso com temas relativos à moda.
Quais critérios você usa para selecionar as pautas?
É muito do que vivo, do meu cotidiano. Tem um milhão de blogs falando de tendências, do que usar, do que tá na moda... prefiro ter uma abordagem diferente. Prefiro saber porque aquilo está sendo usado, de onde vem, sua história, que mensagem você passa ao usar aquilo. Adoro postar sobre design também, arquitetura (acho que sou desenhista idustrial frustrada rs), cinema... depende muito do período.
Quais os projetos que você ainda pretende desenvolver a curto e médio prazo?
Pretendo me dedicar mais ao blog, ter mais tempo pra ele. Fazer uma nova edição da revista Salto Agulha e iniciar uma pesquisa sobre os códigos da moda nas áreas de comunicação ou antropologia. Não sei ainda o que extatamente, mas tenho sentido falta de estudar rs.
Manter um blog de moda virou febre. O que você acha dessa nova mania? Quais as dicas que você dá a quem pretende seguir esse caminho?
É, ser blogueira é o novo ser DJ. Todo mundo é agora, né? Eu me mantenho de certa forma distante disso tudo. São poucos os blogs que me cativam ultimamente. Muitas blogueiras que estão aparecendo aí criam seus espaços pensando apenas em ganhar brindes e convites para desfiles e inaugurações de lojas. O resultado é que os blogs são todos iguais. Mas não me incomoda, acho que se existe alguma coisa é porque tem quem consuma. E tem público pra tudo.
Mas continuo achando que "blogueira" não é profissão. Minha "dica" - se é que posso dar uma rs - é: se esforce para ser boa em alguma coisa, estude, tenha domínio de alguma área de conhecimento. Aí sim você vai poder escrever bem sobre ela. Seja natural, não escreva esperando nada em troca. E - importantíssimo- leia muito para não assassinar o portugês! rs São coisas básicas para escrever um blog bacana.
Desde quando surgiu o seu interesse por moda?
Meu interesse por moda surgiu junto com o interesse por outras manifestações artísticas. Minha avó - que era também minha professora na escola - sempre usava peças de teatro feitas pelos alunos para ensinar o conteúdo das matérias. Eu fazia várias dessas peças por ano, e adorava. O que mais me encantava era pensar no figurino e nos cenários. Pequenininha eu já escolhia o que todo mundo ia usar, como seriam as maquiagens, e todo o cenário. O engraçado é que não tinha Google naquela época, então era tudo "imaginado". Comecei a procurar livros e filmes para ver como aquelas personagens se vestiam, e me apaixonei pelo cinema. Então foram várias paixões, várias áreas de interesse que me chamaram atenção ao mesmo tempo, ainda na infância. Daí cresci gostando disso, colecionando revistas, filmes e qualquer coisa sobre moda e figurino - coisa que faço até hoje.
Gladis Vivane | Foto: Giovanna Hackradt |
A ideia do Salto Agulha (blog e revista) surgiu de onde? Quando me formei em jornalismo pela UFRN, queria que meu Trabalho de Conclusão de Curso fosse sobre moda. Queria fazer uma revista, mas como deixei tudo para última hora, não foi possível organizar o material até a impressão. Então chamei um amigo que fazia sites, e fiz uma revista virtual. O nome Salto Agulha eu escolhi porque remetia à moda, mas também tinha um arzinho de crítica. O lance de agulhar, alfinetar, incomodar, queria dizer que era uma publicação de moda sem frescura. Uma coisa que na época eu sentia falta no jornalismo de moda potiguar - e continuo sentindo. Os profissionais daqui relutam em sair do texto-adjetivo.
Depois que o blog já existia, procurei uma maneira de viabilizar a revista. Isso eu consegui através da Lei de Incentivo à Cultura Djalma Maranhão.
Você já esperava que seu projeto ganhasse tamanhas proporções?
Não. Apesar de adorar moda, eu ainda não vislumbrava uma maneira de trabalhar com isso aqui em Natal. Acabei indo trabalhar como repórter em algumas redações, e, só depois de um tempo, quando vi que não queria aquilo por resto da vida, resolvi abraçar a moda como profissão. Fui estudar moda, e começaram a aparecer trabalhos. A coisa foi fluindo e nesse meio tempo sempre estava escrevendo no blog. Nem sei se é correto dizer que meu blog tem muita projeção... acho que a revista chamou muita atenção por ser algo totalmente novo aqui em Natal. Mas acho que estou ainda muito no começo.
Você trabalha com jornalismo e moda. Com qual dos dois você mais se identifica? Ou é a junção dos dois que te realiza?
A junção dos dois. Sem dúvida. Amo o ofício da reportagem. Não vivo sem entrevistar, descobrir, escrever... e minha realização plea é quando faço isso com temas relativos à moda.
Quais critérios você usa para selecionar as pautas?
É muito do que vivo, do meu cotidiano. Tem um milhão de blogs falando de tendências, do que usar, do que tá na moda... prefiro ter uma abordagem diferente. Prefiro saber porque aquilo está sendo usado, de onde vem, sua história, que mensagem você passa ao usar aquilo. Adoro postar sobre design também, arquitetura (acho que sou desenhista idustrial frustrada rs), cinema... depende muito do período.
Quais os projetos que você ainda pretende desenvolver a curto e médio prazo?
Pretendo me dedicar mais ao blog, ter mais tempo pra ele. Fazer uma nova edição da revista Salto Agulha e iniciar uma pesquisa sobre os códigos da moda nas áreas de comunicação ou antropologia. Não sei ainda o que extatamente, mas tenho sentido falta de estudar rs.
Manter um blog de moda virou febre. O que você acha dessa nova mania? Quais as dicas que você dá a quem pretende seguir esse caminho?
É, ser blogueira é o novo ser DJ. Todo mundo é agora, né? Eu me mantenho de certa forma distante disso tudo. São poucos os blogs que me cativam ultimamente. Muitas blogueiras que estão aparecendo aí criam seus espaços pensando apenas em ganhar brindes e convites para desfiles e inaugurações de lojas. O resultado é que os blogs são todos iguais. Mas não me incomoda, acho que se existe alguma coisa é porque tem quem consuma. E tem público pra tudo.
Mas continuo achando que "blogueira" não é profissão. Minha "dica" - se é que posso dar uma rs - é: se esforce para ser boa em alguma coisa, estude, tenha domínio de alguma área de conhecimento. Aí sim você vai poder escrever bem sobre ela. Seja natural, não escreva esperando nada em troca. E - importantíssimo- leia muito para não assassinar o portugês! rs São coisas básicas para escrever um blog bacana.
Adorei a entrevista! Gladis sempre tem algo de novo para acrescentar... Bjos.
ResponderExcluirSalto Agulha é uma revista muito interessante. A Gladys é talentosa.
ResponderExcluirO Falcão Maltês
Ótima entrevista e um ótimo "lide" para o post. Por essas e outras que digo aqui e além-mar que você é danada. Beijo.
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