terça-feira, 3 de julho de 2012

À noite, com amor.

(Foto retirada do Google Images. Não detenho os direitos autorais)

Era uma noite. Mais uma.
Mais uma em que ela estava sozinha. Sentia-se vazia
Na verdade, sentia-se preenchida por um sentimento de solidão. E sabia que ele não passaria. Não naquele momento.
Olhou pela janela, em busca da Lua. Não a encontrou. Estava escondida e Alice não estava com paciência para aquele pique-esconde. Voltou à cama e deitou-se.
Respirou. Tentou relaxar.
Fechou os olhos e aos poucos sentiu os músculos descontraírem, a respiração pausar e logo em seguida assumir um ritmo agradável, como parte integrante da orquestra que compunha todos os barulhos daquela noite.
Aos poucos, o corpo também entrava em sintonia com a noite. E ela agradeceu por aquela sensação.
A mente, entretanto, persistia em ocupar-se com a angústia. A ausência do ser
Tinha raiva de não poder controlar o que sentia, o que pensava. Não era justo. Era o seu corpo, ela ia provar que, sim, era capaz de dominá-lo. De domá-lo.
Num gesto de fúria, arrancou as roupas, as íntimas, inclusive. Nua, ofereceu-se à noite.
Entreabriu as pernas e levou os dedos, ágeis e enfurecidos, até o meio delas.
Apalpou, tocou, explorou, penetrou, brincou e subjugou suas próprias sensações. Mostrou-lhes quem mandava em quem. E quando provou a si mesma ser vitoriosa, permitiu-se receber um prêmio.
Dedicou à noite, sua fiel amante, o prazer com o qual se presenteara.
E, embora o corpo parecesse mais leve, sentia-se mais viva. E adormeceu, antes que o efeito ilusório do orgasmo passasse e ela voltasse a submergir em sua própria utopia.

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