quinta-feira, 5 de julho de 2012

Lobo

(Não detenho os direitos autorais da imagem)

Era lobisomem. Mas convivia com a angústia de não poder ser lobo, apenas homem. Cansado de ser sempre aquele de onde são esperados os mais bondosos feitos, decidiu que faria tudo ao contrário, apenas uma única vez.

Por toda uma noite, enquanto pôde ver a Lua no céu, permitiu-se ser lobo. Rasgou roupas. As suas e a de outros. Rasgou corpos. O seu e, principalmente, os de outros. Permitiu também ser rasgado. E ao sangrar, libertou-se.

Percebeu que, num impulso de agressividade, rasgara também a alma. O vazio animal transformara-se em um vazio existencial. E se deu conta de que não poderia mais ser homem.
Apenas lobo.

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