Tem uma coisa que me agrada em ficar sozinha. Eu sempre penso. Penso descontroladamente e, depois de tantos pensamentos, a gente sempre descobre alguma coisa. Hoje eu descobri porque fujo das pessoas. Bem, é. Eu fujo das pessoas. Sou simpática e tal, mas estou sempre fugindo.
Há um "limite" da presença dos outros da minha vida. E se ele é extrapolado, já é hora de ir saindo de fininho. Algumas vezes é só porque sinto falta de estar sozinha mesmo. Outras vezes - a grande parte delas - é por medo. O mesmo medo que me faz fugir. É o medo de que as pessoas enjoem, como algumas já fizeram - fazem. Às vezes, a vontade é de ficar perto, de abraçar e compartilhar os pensamentos, sonhos, conhecimentos, angústias, sorrisos... Mas fujo por pensar que, talvez, ao fugir, a minha presença posterior se torne mais aturável.
É isso. Se somos sociáveis, se conhecemos muitas pessoas, saímos todas as noites, compartilhamos a vida com um número considerável de indivíduos constantemente, somos julgados. Se somos sinceros e nos deixamos mostrar, não faltam adjetivos moralmente inferiores para nos classificarem. É possível, contudo, que também sejamos elogiados e possamos agradar outros. Mas os maus predicativos são inevitáveis. Ao reclusarmo-nos, porém, e limitar a presença, não damos abertura para quaisquer predicativos mais íntimos. Sejam eles bons ou maus. É aí que prefiro o anonimato mediano à exposição exagerada.
Mas as pessoas também julgam os anônimos. E pior. São julgados sem sequer serem conhecidos. São chamados "reclusos", "afastados", "escanteados", como se isso fosse pecado.
Mas é mesmo uma característica da sociedade criticar, generalizar e julgar. E cá estou eu fazendo o mesmo. Ora, é difícil padronizar opiniões. A cada dia tenho mais certeza de que as pessoas são tão singulares e particulares que se torna obtuso querer classificá-las. Por esse motivo, tenho a cada dia mais medo do que pensam. E mantenho-me reclusa. Que isso não seja uma heresia.
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