Era uma garota que poderia facilmente ser confundida com a "Caixinhos Dourados" dentre as páginas de um livro infantil. Seu nome era Rebeca.
Uma de suas músicas instrumentais favoritas rodava no CD player, uma mistura de música clássica e infantil, mas ela estava a um canto, sentada. Abraçava as pernas e resmungava contra a meia calça, fina, já enxarcada de lágrimas.
A harmonia dos olhos cor-de-esmeralda era atrapalhada pelo ruído: manchas vermelhas decorrentes de um choro angustiante.
Aproximei-me de Rebeca, eu já a conhecia: "Por que choras? Estás tão linda. Não gostas desse CD?"
"Foi o pior presente de Natal da minha vida", ela responde.
"Mas não pediste a tua mãe?", insisto.
"Sim, mas agora ela quer que eu dance as músicas todos os dias, o tempo todo."
Compadeci-me. Rebeca tinha apenas 6 anos. Dançava com a leveza de um cisne que boia nas águas. Mas, certamente, não gostaria de fazer aquilo durante todas as horas de sua infância.
Abracei Rebeca. Então, caminhei até o CD player e desliguei o som que dali saia. Rebeca sorriu abertamente e, com o sentimento de um prisioneiro que se liberta de seu cárcere, pôs-se a dançar uma melodia silenciosa.
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