Ok, exagerei no título. Mas não tanto. Se seus filhos têm mais de 13 anos e gostam de Mafalda, não faz mal deixá-los ler a excelente série Bórgia, uma quadrilogia de quadrinhos adultos, roteirizada pelo cineasta chileno Alejandro Jodorowsky, responsável pelo esquisitíssimo filme El Topo - esse não é bom deixar seus filhos assistirem - e pelo conceituado desenhista italiano, Milo Manara (da série Click).
Comprei Bórgia por curiosidade. Tanto para saber em que resultaria essa estranha parceria como também para conhecer mais da história proposta no enredo. Descrita como uma "biografia não-autorizada" da polêmica família Bórgia, que causou no século XV, eu prefiro acreditar que a história é apenas baseada em fatos reais e não chega ao ponto de ser biográfica. Porque, né... Pensem numa selva. É Bórgia. Não vou contar muita coisa para não estragar a surpresinha do fim do post... Mas eu digo que é um ótimo caminho para desmistificar a visão que muitos ainda tem da imaculada vida papal.
Os Bórgia são compostos por Rodrigo Bórgia (ou papa Alexandre VI), Lucrécia Bórgia, César Bórgia e Giovanni Bórgia, contudo a história é centrada nos três primeiros citados, os mais pervertidos e perversos. Os quatro volumes (Sangue para o Papa, O Poder e o Incesto, As Chamas da Fogueira e Tudo é Vaidade) contam desde a morte do papa anterior a Alexandre VI até a decadência da família Bórgia. Com muito sangue, sexo, alguns palavrões e uma realidade deformadamente exagerada, fruto de uma parceria que, pessoalmente, eu adorei.
O roteiro de Jodorowsky não foge a sua tendência visceral e sádica e não consigo imaginar um desenhista mais apropriado que Milo Manara para dar formas à intenção do roteirista. Rodrigo Bórgia e Lucrécia Bórgia são figuras importantes da história da Igreja e de Roma e ambos são completamente dissecados nos quadrinhos, que os apresentam em sua forma menos moralística e mais animalesca possível. Bórgia também faz referências a outros nomes importantes da história: traz um ambicioso Carlos III, um Maquiavel "arengueiro", e um Leonardo Da Vinci que não se corrompe por dinheiro ou poder, mas por sexo.
Para quem ficou curioso pelo roteiro de Jodorowsky ou pela arte de Manara, me amem! Achei um link com os três primeiros livros da série. Claro que não se compara aos livros originais (e, galera, sempre tá baratinho nas promoções do Submarino, comprei os meus por R$ 29,90), mas dá para ter uma ideia da coisa. Vale a pena separar duas horinhas para ler a série. Cliquem
aqui e sejam felizes.
Obs: Não recomendado para pessoas com excesso de pudor ou ausência de consciência crítica para assuntos religiosos.