quarta-feira, 22 de junho de 2011

Eu fui a uma festa junina.

Era alegre, colorida, as pessoas sorriam e faziam questão de mostrar seus chapéus de palha e vestidos coloridos. Eu fui a uma festa junina e ninguém julgava ninguém. Ninguém trocava as saia rodadas por minissaias ou as pintinhas pretas nas bochechas por uma sobrecarga de blush, rímel e corretivo.

Eu vi a noiva. Ela era morena, linda e atraente. Não importava que o sapato não combinasse com o vestido - que estava rasgado. Ela era bonita ainda assim. E estava orgulhosa de ser a noiva. Eu vi os casais de matutos. O homem mal falava, apenas tentava esboçar um sorriso quando a mulher, que exibia um constante sorriso sem dentes, lhe fazia carinho e lhe beijava o rosto.

Eu vi o músico que tocava o pandeiro. Nada lhe faria mais feliz àquela tarde que tocar, por duas horas seguidas, um mesmo som.

Eu vi as quadrilhas. Eram duas. A primeira era tão cheia de diferenças quanto homogeneizada. As segregações pareciam unir-se em uma parceria perfeita, formando a dança mais bonita e encantadora que já tive o prazer de acompanhar. A segunda... Ah... a segunda. A noiva deveria ter idade de ser minha avó. Mas a disposição de quem poderia ser minha filha. Durante meia hora assisti a um espetáculo junino e a uma lição de saúde escrachada.

Eu fui a essa festa fotografar. Fotografei sorrisos tortos, banguelos, sinceros, olhares avoados, amorosos, felizes e orgulhosos. Eu fotografei todos que me pediam, e os que eu pedia também. E fotografar nunca me deu tanto prazer.

Depois de dois anos de mal com São Pedro, Santo Antônio e São João, eu fui a uma festa junina em um hospital psiquiátrico. E nunca estive em uma festa tão diferente. Mas isso importa? Não para aquela festa, a mais bonita de todas que já fui.


(Free to be whatever you/Whatever you say/If it comes my way it's alright)

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