segunda-feira, 23 de maio de 2011

Kaka: Dois

Imagem: gifsdaprin.kit.net

- Você precisa mesmo ir agora? - ela perguntou, recusando-se a soltá-lo.

- Talvez possa ficar mais alguns minutos... nem todos entraram ainda. - ele respondeu, dando-lhe mais um beijo, como se, com aquele gesto, obrigasse o tempo a esperar a despedida de ambos.

Kaka estava ao lado, sentada em um dos bancos de cimento da rodoviária. Vestia um casaco branco e os olhos quase não se sustentavam abertos às 5h da manhã. Naquele dia tivera certeza que amava mesmo a irmã. Não bastava deixar o cunhado na rodoviária àquela hora, ainda aguentava, pacientemente, as despedidas infinitas.

Ela soube que haviam acabado quando o simpático rapaz aproximou-se dela e estendeu-lhe a palma da mão.

- Vou indo, cunhada. Vai sentir minha falta?

Ela bateu a palma da mão na dele, no cumprimento que lhes era peculiar e respondeu:

- Quem sabe quando eu passar mais de uma semana sem te ver, eu possa conhecer esse sentimento.

Ele riu, assim como a irmã. Sabiam que era o humor natural de Kassandra e não se incomodavam mais com aquilo. A irmã o levou até a entrada do embarque e despediu-se com um beijo. Quando retornou, não só os olhos, mas todo o rosto estava vermelho. Porém o sorriso conformado acompanhava a expressão.

Foram até o carro e Kaka fingia, com ajuda do sono explícito em sua expressão, não enxergar o sofrimento voluntário da irmã, que tanto amava - ainda que não demonstrasse.

Ao entrarem no carro, apoiou a cabeça no ombro dela, como se fosse um travesseiro, e fechou os olhos. Intimamente, ambas sabiam que aquela era uma forma de consolo. Não precisavam de muitas palavras para se entenderem, afinal.

Um comentário:

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...