Se há uma coisa realmente produtiva e apaixonante na minha profissão é essa tal de entrevista.
É impressionante o quanto se aprende com outras pessoas se você está disposto a ouvi-las. E, logo eu, que sempre gostei de responder, vou inventar de perguntar. Cheguei à conclusão que perguntar é, de fato, bem melhor que responder. Primeiro, você não corre o perigo de falar nada inapropriado... no máximo, faz uma pergunta mal-feita, mas nada que coloque tudo a perder. Depois... conhecer experiências, sensações... adentrar as possibilidades de outrém é tão mais instigante que centrar-se no próprio umbigo.
Claro, nem toda entrevista é realmente aproveitável. Pessoalmente, gosto de fazer perguntas pouco definidas, que dão abertura ao entrevistado ir longe... viajar e contar coisas que eu nunca imaginei escutar. Às vezes, moram aí as maiores descobertas. Gosto de ser surpreendida, ou não precisaria sair de casa para apurar pautas. A indução já seria o suficiente.
De toda forma, houve uma inspiração para esse post: tive a alegria de realizar duas boas e satisfatórias entrevistas hoje. A primeira, com a Miss Rio Grande do Norte, Daliane Menezes. E a segunda, com o jornalista, escritor e blogueiro, Antônio Nahud, editor do Falcão Maltês. Ambas as entrevistas com focos e formatos diferentes, mas recheadas de conteúdo e aprendizagem.
A primeira, com Daliane Menezes, foi tão divertida e admirável quanto a personagem entrevistada. Daliane conseguiu tirar o resto de preconceito que eu ainda tinha dos concursos de misses. Não é culpa dessas garotas se há um padrão de beleza pré-determinado em que elas se encaixam. O que realmente importa é que elas se esforçam, lutam e sacrificam-se não apenas para serem bonitas, mas pelo prazer e determinação de poderem representar as suas cidades, estados e países em um concurso que não se restringe a beleza. Certo que é um pré-requisito. Um pré-requisito o qual sempre achei fútil. Mas Daliane e sua simpatia, amabilidade, inteligência e beleza me fizeram acreditar que o concurso é, mais que futilidade, uma oportunidade para moças de bom coração tentarem orgulhosamente levar olhares para ângulos invisíveis da sociedade. É como se a beleza fosse apenas a ponte para um objetivo maior. O melhor foi descobrir sobre a vida daquela mulher cuja pernas unidas aos saltos eram quase suficientes para ultrapassar os meus 1,52m, de cabelos, unhas e sorriso impecáveis. Descobrir que ela já usara óculos para contornar os seus 10 graus de miopia... ou mesmo que já havia sido uma criança gordinha e traquina. À uma primeira vista, é quase impensável que Daliane não tivesse sido criada em uma caixinha de cristal. E ao fim da entrevista ela já me chamava de "Andressinha". Podem me chamar de facilmente manipulável, mas, esse ano, assistirei ao Miss Brasil com a empolgação de uma final da Copa do Mundo entre Brasil e Argentina. E meu lado cearense que me perdoe, mas minhas torcidas serão voltadas para a doce Daliane.
A segunda entrevista, com Nahud, foi tão gratificante quanto a primeira, embora mais breve. Para uma matéria sobre o Cinema Cult, vi em Nahud uma excelente fonte. Com todo o seu histórico, não me surpreenderia se sequer conseguisse chegar até ele. Porém, para minha surpresa, o jornalista e escritor baiano foi mais acessível que o meu próprio pai teria sido em uma entrevista. Eu, que esperava encontrar um homem sério com postura europeia, um tanto breve e que não me daria tanto crédito, encontrei um homem com a simpatia de um garoto, simples ao marcar a entrevista em um local popular, e extremamente atencioso a ponto de, ao fim da entrevista técnica, responder mais um questionário acerca da profissão que compartilhamos. E ainda prometeu-me um dos seus livros publicados, o qual, com certeza, terei completo prazer em cobrar.
Certamente, nas entrevistas, pequenas elas que sejam, o conteúdo não é o mais importante. Mas o que se consegue tirar das personalidades que se desvendam. Daliane Menezes e Antonio Nahud, quase tão contrastantes entre si quanto admiráveis individualmente, foram o meu maior aprendizado do dia.
Obrigado pelas palavras simpáticas, Andressa. O seu blog está muito bom. Vou aparecer por aqui outras vezes.
ResponderExcluirBeijão,
www.ofalcaomaltes.blogspot.com
Ótimo texto, moça, sobre o (duro) ofício de entrevistar e escrever, glamouroso para alguns e muitas vezes trabalho quase braçal 9e também cerebral) como você deve estar percebendo. E aproveitando o ensejo para corroborar cada palavra que você escrebeu sobre Nahud, cujo blog é um bálsamo para quem ama cinema. Beijo.
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