terça-feira, 26 de abril de 2011

Sobre Contos de Amor Rasgados


A primeira impressão que tive ao ver "Contos de Amor Rasgados", de Marina Colasanti, é que seria um livro ausente de qualquer tipo de pudores. A começar pela capa, nem um pouco convencional. Eu estava certa, mas o livro é mais que isso.

A segunda impressão, ao analisar o título, é que seriam contos de amor às avessas... ou contos de amores sofridos.... ou mesmo uma declaração pública contra o amor! Só estava parcialmente certa, mas ainda não é apenas isso.

O livro "Contos de amor rasgados" exige do leitor, além de preparo emocional para anti-clímax, certo repertório cultural e literário para entender o conteúdo dos pequenos - e pesados - contos que recheiam as suas páginas.

Marina Colasanti brinca com expectativas dos leitores e reescreve sensações e histórias, desde mitos gregos, contos infantis, até clássicos da literatura mundial. São textos curtos que remetem a mais que imagens, mas sensações. O leitor não mentalmente o que a autora escreve, mas sente.

O mais interessante é a abertura que Marina dá para a imaginação de quem a lê. Seus personagem quase sempre não têm nomes nem formas, ficando esses detalhes menos importantes para a narrativa a critério de quem a lê. Portanto, se você, leitor, não tem uma imaginação e vive de estórias mastigadas, é melhor nao experimentar o delicioso sabor de ler/degustar "Contos de Amor Rasgados".

Como aperitivo, deixo um dos (mini)textos do livro, que remete ao personagem (real, acredita-se) de Dante Alighieri, autor de "A Divina Comédia". Na história, Conde Ugolino devora seus próprios filhos e netos, e só estando a par dessa informação, o conto de Marina se torna compreensível.

A grande fome do Conde Ugolino

Quando não houve mais prantos e gritos, sua descendência toda brilhando em ossos pelo chão, tirou enfim do bolso a cópia da chave, abriu a porta, e palitando dos dentes a doce carne da sua carne, desceu a longa escada da torre.

4 comentários:

  1. A Marina Colasanti é muito boa. Vi certa vez uma palestra dela e nunca mais a esqueci.

    Abração e apareça,

    www.ofalcaomaltes.blogspot.com

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  2. hauhaahuhauh
    realmente eh um livro que u nao compraria pela capa, a historia tb parece ser bem nao convencional neh?! xD
    dressinha...esse nao vai p minha lista ;D

    xeero!
    Letra com asa

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  3. Ow, Ia! É uma pena. Acho esse livro uma leitura indispensável no repertório de qualquer leitor. Até porque convencional ele não é nem um pouco...

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  4. excelente livro, me fez apaixonar pelos micro contos

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